Desemprego faz com que brasileiro opte por trabalho informal

CTPSO aumento do desemprego fez, como efeito colateral, disparar o número de trabalhadores que atuam por conta própria, superando a marca de 23 milhões de brasileiros. Por outro lado, a renda desse grupo caiu 5,4% em 2015.

A busca mais elevada pelo trabalho por conta própria, segundo explica Cimar Azeredo, coordenador de trabalho do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), está diretamente relacionada à redução na quantidade de vagas de emprego. “As pessoas estão usando o fundo de garantia, o seguro-desemprego e outros benefícios para criar o seu próprio negócio“.

As estatísticas ajudam a comprovar isso. A mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), mostrou que, em um ano, houve aumento de 6,1% na quantidade de empreendimentos que foram abertos sem funcionários, considerando apenas o trabalho de um ou mais sócios. Nos primeiros três meses de 2015, eram 21,76 milhões de pessoas nessa condição, enquanto que, no primeiro trimestre deste ano, esse número subiu para 23,09 milhões de trabalhadores.

Azeredo afirma que, na maior parte, esses negócios são informais e de pequeno porte. “É o caso da mulher que trabalhava como secretária, perdeu o emprego e agora vende doces na rua”, diz.

Ele ainda conta que outro efeito causado por esse cenário diz respeito à reação de familiares. “Os membros da família de alguém que deixou um emprego registrado e abriu um novo negócio passam a procurar emprego para complementar a renda familiar, dar mais estabilidade ou ajudar no pagamento de planos de saúde. Esse movimento de procura contribui para o aumento do desemprego”, explica o coordenador.

Dificuldade em crescer

José Amato Balian, coordenador da Incubadora de Negócios da ESPM, destaca outro problema encontrado:fazer um negócio pequeno crescer. “É necessário ter uma noção de marketing, de produção, de divulgação, que muita gente não tem”, diz Balian. “Muitos desses novos empreendedores consomem todo o lucro e não investem, o que torna mais difícil o crescimento”, completa.

O especialista ainda confere dicas para fazer um negócio crescer. “Encontrar um bom nicho, com um bom mercado, onde seja possível cobrar um pouco mais e, assim, ampliar o tamanho do empreendimento“, aponta.

Queda de rendimento

A busca maior do brasileiro por trabalhos em que atue por conta própria também fez com que caísse a média de ganhos desse segmento em 2015. Ao comparar o último trimestre de 2015 com igual período de 2014, o valor reduziu de R$ 1.549,00 para R$ 1.465,00 – um recuo de 5,4%.

De acordo com Azeredo, “isso acontece porque os novos negócios, em geral, tem receita menor do que aqueles que existiam antes. Por isso, a média para o grupo diminui”.

Formalidade

O “lado bom” nesse baixo rendimento é que, assim, esses trabalhadores podem cadastrar-se comomicroempreendedores individuais. O programa do governo conta com mais de cinco milhões de inscritos e tenta estimular a busca pela formalidade oferecendo um menor pagamento de tributos.

“Quando o negócio tem rendimento de até R$ 5 mil por mês, é possível fazer parte do MEI e ter acesso a benefícios de um trabalhador formal, como a aposentadoria”, destaca Balian.

 

Fonte: blogskill.com.br